domingo, 23 de maio de 2010

HISTÓRIA DE UMA VARANDA

Caída do teto alto, em plena varanda, a corujinha se esconde atrás de um vaso de plantas. Ainda não sabe voar. Apanho o viveiro vazio de pássaros, no porão, guardado para as emergências.

Todos os anos, no mês de maio, sucede a mesma coisa. Enquanto os pais saem para os seus passeios diurnos, voltando ao anoitecer com insetos e outras iguarias nos bicos, para saciar a fome do filho, a corujinha vai ficando mais esperta, começa a querer ver o mundo lá de fora e acaba – desastrada – despencando do ninho sempre feito no alto da minha mansarda. Por isso conservo o viveiro, e depois de limpá-lo, colocar água e endireitar os poleiros, coloco, com todo o

cuidado, o filhote dentro, e vou também para o jardim procurar alguma coisa para ele comer, enquanto os pais não chegam. Uma minhoquinha aqui, um inseto ali – e lá volto eu sabendo que outra vez vou passar, por uns tempos, cuidando da Anabela. Sem saber se é

macho ou fêmea, desde que a primeira corujinha, caiu, há anos, todas são chamadas por mim de Anabela porque, nos meus tempos de rapaz tive uma namorada com esse nome, com olhos amarelos, e que me marcou por muitos motivos que, até por timidez, não devo expor aqui.

Voltando à corujinha: ao anoitecer chego na varanda e fico a espreita. De repente, num fio de telefone distante uns dez metros, pousa o casal de corujas, trazendo as iguarias nos bios e nos estômagos. Colocado num lugar estratégico, já agora debaixo de um foco de luz para facilitar as coisas, pai e mãe descobrem a corujinha

nem acomodada no viveiro. Demoram um pouco para entender os acontecimentos mas acabam por perceber que alguma arte ela fizera,

mas que estava segura, entre amigos. Quem sabe elas mesmas não tenham passado por essa experiência, nos anos anteriores, fazendo seu ninho no alto da mansarda e vendo o filhote despencar na varanda para acabar dentro do viveiro, esperando crescer? Seja como

for acabam por voar até onde o filhote está e ele logo se chega para devorar os quitutes que trouxeram. Quando a comilança acaba, o casal voa de novo para o fio telefônico e fica lá, durante toda a noite.

Continuo catando larvas e insetos, limpando o viveiro e cuidando da Anabela até de novo a noite aparecer.Quando o sol se vaio nós quatro de novo nos encontramos, como se fôssemos uma família. Enquanto isso a corujinha cresce, já abre as pequenas asas, chega perto da porta do viveiro onde pára, pensativa. Pego-a, coloco-a sobre

a mesa redonda da varanda e assisto suas tentativas de começar a voar, sem sucesso. Repito a operação, já agora à noite, na presença dos pais. Eles sabem que falta pouco para os três irem embora. Eu também sei, mas estou com o espírito preparado para isso. Quando ouvir, nas noites escuras, pios de corujas, saberei que são elas três, pousadas no fio do telefone, mandando recados para mim.

E o viveiro, no porão vazio, aguarda para cumprir a sua parte, quando o próximo maio chegar. Como eu, também.


Théo Drummond

terça-feira, 6 de abril de 2010

COISAS DO FUTEBOL


O futebol brasileiro não é feito só das trapalhadas que, de quando em quando, são levadas ao conhecimento do público, pela mídia falada, escrita e televisionada. Ainda recentemente, por exemplo, a CPI da Câmara desmascarou uma série de dirigentes de clubes e até da CBF, que andaram metendo a mão, distraidamente, num dinheiro que não era deles. Casas e empresas no exterior, dólares em paraísos fiscais, utilização de “laranjas”, compra e venda de jogadores através de acordos espúrios com empresários – tudo isso e muito mais foi apurado pela CPI, que procedeu à entrega dos documentos aos canais competentes na expectativa de que os acusados fossem levados a pagar pelos seus mal-feitos. Na verdade, e como acontece muito neste país, nunca mais se ouviu falar sobre o assunto, e a própria mídia logo esqueceu de tudo o que havia noticiado, com alarde, durante umas duas semanas. A Justiça, por sua vez, como é cega e surda, de acordo com a estátua que a representa, continuou sem ver ou ouvir, e todos os acusados permaneceram soltos, como se fossem você que me lê, e rala o dia inteiro, fazendo da honestidade um caminho de vida.

Mas, enquanto tudo aqui continua como sempre, vale lembrar, apenas para amenizar a crônica, que além dos dirigentes desonestos, o futebol nacional continua, como sempre, a ter grandes jogadores, e, no meio deles, alguns não tão grandes, mas cujas declarações à imprensa, ficaram anotadas e guardadas, para serem lembradas, ao longo do tempo, sempre provocando, naturalmente, boas risadas - diferentemente de quando lembramos dos dirigentes desonestos, que nos despertam raiva.

Vamos a algumas delas:

“Tenho o maior orgulho em jogar na terra onde Cristo nasceu...”(Claudomiro, ex-meia do Internacional de Porto Alegre, ao chegar emBelém do Pará, para jogar contra o Payssandú, pelo Brasileirão)

“A partir de agora, meu coração tem uma só cor: rubro-negro!”(Fabão, zagueiro baiano ao chegar ao Rio para jogar no Flamengo)

“Que interessante! Aqui no Japão só tem carro importado!”(Jardel, ex-atacante do Vasco, quando em temporada no Japão,referindo-se aos Toyotas e Mitsubish´s)

“Clássico é clássico e vice-versa”(Do mesmo Jardel, a um radialista português)

“O meu clube estava à beira do precipício, mas tomou a decisão correta: deu um passo à frente!”(João Pinto, jogador do Benfica, de Portugal)

Finalmente, a pérola das pérolas:

A moto eu vou vender e o rádio vou dar pra minha tia!”(Josimar, então lateral do Botafogo, ao responder a um repórter o que pretendia fazer com o Motorádio que ganhou por ter sido escolhido o melhor jogador da partida).

E assim vai vivendo o nosso futebol, com os alguns “letrados” metendo a mão no que não lhes pertence, e alguns jogadores, que não pensam bem, na hora de falar, criam frases que serão lembradas para sempre para a posteridade...

Théo Drummond



terça-feira, 23 de março de 2010

EU E MONIQUE


Talvez o assunto não interesse às pessoas que não gostam de bichos. Se for o seu caso procure ler outra coisa, juro que não fico chateado.

Mas o caso é que eu tive uma gata persa, branca, linda, e, já naquela altura, idosa, cujo nome era Monique. Era a que restara das seis gatas e um gato, todos persas, que criei na minha casa, durante anos.

Apesar de os inconseqüentes dizerem que os gatos têm sete vidas, o fato é que foram morrendo, um de cada vez e uma vez só – o que desmente a afirmativa chula e despropositada dos que garantem coisas só por ouvirem dizer.

Quem conhece gatos sabe como têm personalidade forte e como se apegam aos donos. Como são implicantes e teimosos. Como só fazem o que querem na hora que querem. Mas quem conhece gatos também sabe o quanto podem ser companheiros, carinhosos e amigos de verdade.

Monique, por exemplo, certamente por ter atingido uma idade avançada, já não se divertia correndo atrás de bolinhas de papel. Dormia muito – como sucede com os idosos, que fazem, do sono,uma espécie de treino para a morte – e nos locais os mais variados. Era preciso procurá-la de noite, antes de fechar as portas da casa. Várias vezes já dormira numa varanda descoberta, apanhando chuva, só por ter cismado fingir em não ouvir os meus chamados. De manhã, portas abertas, lá vinha ela, miando, olhos grandes e amarelos, assustada por causa dos relâmpagos e trovões. Enroscava-se nas minhas pernas até que a pegasse no colo para enxugá-la, antes da ração matutina.

Fomos, de verdade, grandes amigos. Sabia que a partir de determinada hora, já no final da tarde, ela ficava no topo da escada por onde eu ia subir, ao chegar, e minha mulher dizia que quando se ouvia o barulho do motor do carro, entrando na garagem, Monique ficava sentada, esperando que eu abrisse a porta. Eu subia, parava antes de entrar para fazer-lhe uma festa, e em seguida ia para o quarto, seguido por ela, ronronando – mostrando que estava feliz.

Subia na cama enquanto eu trocava de roupa, e quando me sentava para calçar os chinelos lá vinha ela, miando baixinho e em busca de mais carinho.

Mas Monique também tinha gênio e brigava comigo. Ao passar um fim-de-semana fora, quando voltasse ela estaria lá, no topo da escada, mas ao me ver corria para um lugar da casa para se esconder. Tinha que deixar o tempo passar, até que ela resolvesse aparecer, como que por acaso, andando junto a mim, para que a apanhasse do chão e começasse a conquistá-la de novo.

Envelhecemos juntos – ela mais depressa porque gatos vivem menos que os humanos – mas ambos com a mesma dignidade dos que sabem que o tempo não perdoa, mas nem por isso deixam de cultivar sentimentos bons, como o da amizade e do companheirismo. Que tanta falta fazem neste mundo de agora, cheio de corações ressequidos pela incompreensão, a inveja, o despeito – incapazes de perceber o valor e a beleza de uma amizade, seja ela entre pessoas ou entre pessoas e bichos.


Théo Drummond

sexta-feira, 12 de março de 2010

O CASO DA EMPREGADA


Quando o interfone tocou Marilena prontamente atendeu e Theodoro, que estava lendo um livro, na sala do apartamento,

ouviu quando ela disse, “pois não, pode mandar subir!” Em

seguida ela voltou para onde ele estava e nervosa, informou

o que ele já sabia:

-“É a nova candidata a empregada, meu bem! Vamos torcer

para dar certo, não é?”

Enquanto marcava a página e fechava o livro, Theodoro lembrou

da morte recente da Náneia, que trabalhara como doméstica

com eles durante 40 anos, ajudara a criar os filhos e era considerada como “da família”. Sabia que sua substituição não

seria fácil, inclusive porque Marilena tinha uma quase obsessão

por limpeza, à qual Nanéia havia se habituado em pouco tempo.

Por sua vez Marilena, enquanto a campainha da porta não

tocava, pensava nas amigas que a surpreendiam dizendo que

as domésticas de hoje não eram como antigamente, e que era

muito difícil encontrar as que cuidassem da casa, cozinhassem,

lavassem e passassem, como era natural nos bons tempos.

-“Isso aqui está virando país do primeiro mundo!”

Com o coração batendo mais apressado Marilena, finalmente,

ouviu o ruído da campainha, e Theodoro apressou-se em abrir

a porta pedindo que a candidata e empregada doméstica

entrasse.

Era uma figura alta, de uns cinqüenta anos, vestindo um terninho

escuro bem recortado, cabelos pintados de louro e presos num coque, sandália de saltinho e bolsa à tiracolo.

A primeira impressão de Marilena e Theodoro é que alguma

coisa estava errada, vai ver a senhora tinha vindo visitar uma

amiga no edifício, dera um número de apartamento que o “seu”

Manoel, o porteiro, que era velho e surdo, tinha ouvido diferente,

a visitante precisava ser esclarecida sobre isso.

Mas antes que qualquer coisa fosse feita a senhora parou, de pé,

no meio da sala e, olhos fixos em Marilena, perguntou:

- Foi daqui que pediram uma empregada doméstica na TED?

Antes que Marilena se recuperasse do susto Theodoro respondeu:

- Foi, sim senhora, tínhamos uma, a Nanéia, que trabalhou conosco durante 40 anos e infelizmente faleceu, no mês passado...

Na mesma posição empertigada, e sem parecer interessada na

morte da Nanéia, ela finalmente se apresentou:

- Meu nome é Florinda, já trabalhei em diversas casas e apartamentos, e preciso fazer algumas perguntas a vocês...

Fingindo não estranhar o “vocês” Marilena disse que Florinda

ficasse à vontade e que podia perguntar o que quisesse.

E então, com os três de pé, a candidata ao emprego começou:

- Quantos membros tem a família?

- Dois, respondemos juntos, ao que Marilena completou; somos

somente eu e meu marido

- E as dependências do apartamento?

Theodoro se adiantou:

- Esta sala de visitas, uma outra, menor, da televisão, a varanda, dois quartos sendo um suíte, um banheiro social, cozinha, quarto

de empregada, banheiro,e uma pequena copa onde fazemos as refeições.

Marilena, percebendo que o marido havia esquecido acrescentou:

- Ainda temos um espaço, na cobertura, onde estamos fazendo

obras...

Florinda, demonstrando firmeza na voz, prosseguiu:

- Qual o tipo de trabalho que vocês esperam que eu faça?

Marilena, já meio irritada mas procurando se controlar:

- O que esperamos da senhora é o que se espera de uma boa

e competente empregada doméstica: conservar o apartamento

limpo, cozinhar, lavar, passar... Aliás temos, para facilitar o

seu trabalho, uma lista completa das tarefas diárias, semanais,

quinzenais e semestrais, que está fixada numa das paredes da

copa... Seguindo o que está escrito tudo fica mais fácil.

Pela primeira vez Florinda se mexeu, passando a firmar-se na

perna direita e depois de um pequeno silêncio;

- E quanto ao horário de entrada e saída do trabalho?

- O horário de entrada é 08:00 horas, e o de saída é a senhora que

faz. Se terminar o serviço às 17:00 horas ou até antes, pode ir

embora... Outra coisa importante: a semana é de segunda à sexta.

- Bom, eu só trabalho com carteira assinada, com direito à férias

remuneradas, décimo terceiro em duas parcelas, ou seja, junho e dezembro, e pagamento do meu plano de saúde. Não trabalho nos feriados nacionais, estaduais e municipais.

Marilena sentiu, pelo aperto que recebeu no braço, que Theodoro

estava impaciente, mas Florinda ainda precisava saber mais.

- E quanto ao salário? ela indagou, voz firme.

- Pagamos oitocentos e cinqüenta reais de salário além do custo diário das passagens.

Foi então que Theodoro e Marilena se espantaram. Florinda deu

uma gargalhada que pareceu durar uma eternidade, e chegou a

curvar o próprio corpo enquanto ria. Depois, séria, encarou os

dois:

- Vocês só podem estar brincando! Acho que os quarenta anos em que tiveram a empregada que morreu, serviu para tirar vocês da

realidade! E estufando o peito magro:

-A Florinda aqui, só trabalha com um salário mensal de, no mínimo, mil seiscentos e oitenta reais, com aumentos de dez por cento a

cada ano trabalhado! Já vi que a TED me colocou numa furada!

Dizendo isso virou as costas, e, num passo apressado, foi até a porta do apartamento, abriu-a, voltou-se para Theodoro e Marilena e disse, alto:

- O tempo da escravidão acabou! Tenho pena da Ninéia, Manéia, sei lá o nome da infeliz! - deve ter morrido de inanição!

Em seguida fechou a porta, com estrondo e, felizmente, Marilena

e Theodoro puderam se olhar e começaram a rir.


Théo Drummond

sexta-feira, 5 de março de 2010

A MARGARINA E A PROPAGANDA


Jornais do mundo inteiro noticiaram a descoberta, e donos de grandes multinacionais que distribuíam o produto e similares nos principais mercados mundiais ficaram de olho. Um modesto químico japonês, chamado Manoel, morador de num vilarejo longe de Tóquio, havia inventado uma margarina cuja matéria prima era o cocô - matéria prima, é lógico, de custo zero.

No principio ninguém deu bola, muito menos os "boards" das multinacionais. Com a continuidade das notícias, porém, alguns presidentes mais espertos, começaram a se

preocupar. Pensavam - e com razão - que a indústria que conseguisse convencer o químico japonês Manoel a vender a fórmula, ficaria absoluta no mercado. Modesto, Manoel ficou impressionado com a quantidade de repórteres que iam ao seu minúsculo laboratório - todos querendo saber tudo sobre o novo e revolucionário produto. Sempre ouviam o japonês dizer que a fórmula não estava pronta - faltava uma pequena coisinha para terminá-la.

Com a impaciência própria de quem quer ganhar sempre mais dinheiro, quatro presidentes de multinacionais resolveram acabar com o mistério. Se era verdade que faltava apenas "uma coisinha" para que a fórmula ficasse pronta, cada qual colocaria os melhores químicos de suas indústrias, em todo o mundo, para trabalhar no caso - e num instante tudo estaria resolvido. Depois combinariam a maneira de lançar o produto no mercado, é claro que com nomes e embalagens diferentes. Mas isso era para ser resolvido pelas suas agencias de publicidade,

cada qual mais entendida em “vender” qualquer coisa, usando a criatividade dos componentes da área da Criação.

No dia e hora marcadas os quatro presidentes e seus assessores de imprensa chegaram, em helicópteros, vindos de Tóquio, ao laboratório do japonês Manoel. Nervoso, e depois das curvaturas naturais como cumprimento aos visitantes, colocou-os em pé, junto a uma velha mesa redonda, onde, no meio, havia uma lata fechada. O silêncio de expectativa dos empresários foi cortado pela voz do japonês Manoel, num inglês precário:

-"Há anos estudo este novo produto. Falta ainda só um detalhe para que fique pronto para o consumo, em todo o mundo". Apanhou a lata, abriu-a diante dos olhares ansiosos dos visitantes, dizendo, "aí está, podem examiná-lo!"

Um presidente mais afoito pegou a lata, olhou e disse:" , tem a cor exata das nossas margarinas!” . O segundo, em seguida, enfiou o dedo no produto, esfregou-o entre os dedos e exclamou: "é incrível, tem a consistência da margarina!" O terceiro levou a lata até o nariz: "meu Deus, tem o cheirinho das nossas margarinas!" Foi aí que o quarto presidente, com o dedo indicador, tirou uma pequena porção do produto, levou-o à boca e logo cuspiu no chão,

com cara de nojo, quase vomitando. Depois de respirar fundo engrenou um grito de alerta: “esperem aí, mas o gosto é de puro cocô!"

Diante da balbúrdia formada o tranquilo japonês Manoel explicou: “durante todo o tempo disse a verdade para os senhores, sempre apressados em ganhar mais dinheiro. Ou seja, que faltava só uma coisinha para completar a fórmula!”.

A historinha acima foi publicada, há anos, por uma revista chamada "Propaganda", e veio à minha cabeça a propósito de um tipo de comportamento, no Brasil, nas áreas de publicidade e marketing. Se alguém se der ao trabalho de avaliar onde estacionam, entra governo sai governo, as grandes contas, por exemplo, dos ministérios e estatais, verão que elas circulam entre as maiores agencias de propaganda ( o que não quer dizer, as melhores) do Brasil. Os editais, com suas exigências descabidas, eliminam das concorrências pelo menos 95% de outras agencias com plenas condições de atender às necessidades dos "exigentes" clientes.

Isto, sem falar nas concorrências de grandes empresas privadas em que ninguém pensa em mudar jamais de Agência(s) ou, quando pensa, escolhem duas ou três para participar de concorrências "trancadas". Fora destas, nenhuma outra pode apresentar suas idéias.

Á propósito, um amigo nosso, sério, e responsável pelo marketing de uma grande empresa brasileira, nos dizia de sua confusão mental por ter que escolher uma outra agência para o lançamento de uma nova linha de produtos. “Me pediram para visitar três das grandes. Fui, e todas pareciam ótimas. Como tinha que escolher uma, comecei a usar alguns critérios importantes como os quantitativos, os qualitativos, a empatia... E veja só o que aconteceu:

quantitativamente todas me mostraram números ótimos. Qualitativamente todas eram premiadíssimas. Quanto à empatia, foi uma loucura. Compareci a uns três jantares regados a vinho francês, fiz vários passeios de lancha em Angra, Búzios - uma loucura!."

-" E afinal escolheu?" perguntei.

E ele, filosofando: " apesar das três agências, na hora da apresentação do planejamento da campanha se mostrarem incrivelmente criativas, com atendimento perfeito, oferecimento de descontos, etc, resolvi mudar o hábito da empresa e ficar numa agência média. Visitei também

três. Nenhuma fez aquela encenação toda, as idéias eram excelentes, cada qual louca para

poder pegar aquela rara oportunidade! Já estamos trabalhando com a que escolhi, A diretoria da minha empresa concordou com a experiência e está todo mundo muito feliz!

E lembrando, também, da reportagem da revista "Propaganda", que tínhamos lido quando, há anos, havíamos trabalhado juntos: "quer saber? Levados, sabe lá Deus por quê, a só trabalhar com grandes agências, sem pensar que existem muitas outras, não tão grandes, mas doidas pra mostrar serviço, capacidade de trabalho, e parceria em todos os sentidos, clientes com grandes verbas só vão se convencer de que perderam tempo e podiam ser melhor servidos quando chegar a hora de experimentar o gosto de cocô daquela margarina do japonês José! lembrado?"


Théo Drummond

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

A HUMANIDADE E SEUS CONTRASTES


Existem sondas espaciais que estão prestes a sair do sistema solar, depois de já terem vencido bilhões de quilômetros no espaço. Enquanto isso a ciência caminha para a descoberta da cura de doenças que desafiam a inteligência humana há séculos. Antropólogos estudam novas provas que o homem existe há mais de seis milhões de anos.

A evolução, em todos os sentidos, caminha para tornar o mundo melhor para seus habitantes – e se os homens que o governam deixarem que a inteligência se sobreponha à ignorância e sede de poder, talvez os filhos dos nossos filhos possam usufruir de uma vida que valha a pena ser vivida.

Mas não será fácil. Ao lado de todos esses avanços da ciência, ainda no mundo de hoje continuam a existir hábitos, costumes e leis que passam despercebidos à grande maioria das pessoas. E que fazem parte do cotidiano de certos povos que acreditam que esses hábitos, costumes e leis, tornam certamente suas vidas melhores. E é incrível que seja assim porque é impossível que esses povos não saibam de tantas coisas que estão acontecendo ao seu redor já que devem ler jornais, ver televisão, ouvir rádio. E não são cegos, surdos ou mudos.- pelo menos todos.

Refiro-me, por exemplo, ao que acontece em Barahin, onde um médico pode legalmente examinar a genitália feminina mas é proibido de olhar diretamente para essa parte do corpo da mulher que o está consultando. Para isso é obrigado a usar um espelho só através do qual pode examina-la.. Ou em Hong Kong , onde uma mulher traída está legalmente autorizada a matar seu marido, desde que o faça com suas próprias mãos. Em contra-partida, a amante do marido pode ser morta de qualquer outra maneira. Em Cali, Colômbia, uma mulher, ao casar, só pode ter a primeira relação com o marido na presença da própria mãe que testemunhará todo o desenrolar do ato. No Líbano, os homens podem, legalmente, manter relações sexuais com animais, desde que sejam fêmeas. Relações com animais machos são passíveis de punição com a pena de morte. Em Santa Cruz , na Bolívia, é proibido um homem ter relações, ao mesmo tempo, com uma mulher e a filha dela. Em Liverpool, na Inglaterra, só nas lojas que vendem peixes tropicais as vendedoras estão autorizadas a trabalhar de topless.Os muçulmanos não podem olhar os genitais de um cadáver. Isto também se aplica para os funcionários das funerárias. Os órgãos sexuais do defunto, devem estar sempre cobertos por um tijolo ou pedaço de madeira. E para terminar: em Guam, há um emprego, em tempo integral, para um grupo de homens cuja função é viajar pelo país e deflorar virgens, cujas famílias pagam a eles polpudas quantias pelo privilégio de suas filhas, irmãs etc, fazerem sexo pela primeira vez. É que pelas leis vigentes em Guam é proibido virgens se casarem.

Enquanto tudo isso prossegue acontecendo, como se vivêssemos, ainda, na época da descoberta do fogo, os foguetes sobem, as sondas chegam aos mais distantes planetas, os satélites mostram um continente inteiro ou até uma rua de uma cidadezinha perdida no interior da amazônia, os cientistas prosseguem, nos laboratórios de vários países, na busca pela cura de doenças terríveis.


Théo Drummond